Portos nordestinos ainda possuem pouca praticagem

Portos nordestinos ainda possuem pouca praticagem

Considerada por lei um serviço essencial, a praticagem, atividade que auxilia na atracação de embarcações e exerce também uma função de fiscalização, ainda possui poucos profissionais atuantes nos portos nordestinos. De acordo com o presidente do Conselho Nacional de Praticagem (Conapra), Ricardo Falcão, não se trata de um déficit de pessoal, mas uma questão puramente logística, tendo em vista que a quantidade de carga da região não é tão representativa como em outros locais do País.

“Atualmente temos 411 práticos (profissionais da área) em atividade no Brasil e, de fato, poucos atuam no Nordeste. No geral, eles estão concentrados na Amazônia, Rio de Janeiro e Santos”, explica Falcão. Conforme diz, desenvolver a infraestrutura dos portos é importante, mas não o suficiente para mudar essa realidade. “Infraestrutura portuária está faltando no Brasil inteiro, porém a verdade é que o navio vai onde tiver carga. É assim que o comércio marítimo se orienta. Não adianta estrutura sem muita carga”, acrescenta.

Sobre o serviço de praticagem, que atualmente emprega, direta e indiretamente, 12 mil pessoas, Falcão destaca a importância do mesmo para a prevenção de acidentes no comércio marítimo. “Muitos acham que o prático é apenas alguém que pega uma lancha e sobe a bordo de um navio para atracar e desatracar. A atividade, porém, é muito mais que isso. Em suma, a praticagem fiscaliza aspectos que poderiam colocar em risco aquela região em que a embarcação está entrando. Vazamento de óleo e equipamento quebrado são alguns exemplos”, explica.

Armadores reclamam

Por ser uma atividade obrigatória, a praticagem tem gerado reclamações por parte dos armadores, que pressionam o governo por conta dos custos do serviço.

Segundo Falcão, nenhum deles conseguiu provar, porém, que o preço do Brasil é maior do que o de outros países. “A FGV já constatou que o custo daqui está na média ou abaixo dos demais portos internacionais”, diz. Ele completa: “todas as tentativas de mudar a obrigatoriedade da praticagem foram desastradas. Em 1989, por exemplo, o Exxon Valdez raspou em corais no Alasca e gerou, só em limpeza do petróleo derramado, um prejuízo de US$ 4 bilhões. Isso equivale a 100 anos de praticagem”.

Fonte: Diário do Nordeste

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